27 Maio, 2009

Genoma do Camundongo

O camundongo (Mus musculus) é o principal modelo animal usado como base para a pesquisa de doenças que atingem o homem, mas até onde vão as semelhanças entre os dois organismos?

Para um grupo internacional de pesquisadores, o melhor entendimento da biologia do camundongo somente seria possível a partir da disponibilidade do genoma completo do roedor. E é justamente isso que acaba de ser concluído.

Em artigo publicado na PLoS Biology, cientistas que compõem o Consórcio para Sequenciamento do Genoma do Camundongo descrevem o sequenciamento e comparam o genoma resultante com o humano. Segundo o estudo, há mais diferenças genéticas do que se imaginava.

Essas grandes diferenças, apontam os pesquisadores, refletem muitas das particularidades que distinguem as duas espécies. Um quinto dos genes do camundongo é composto de cópias novas que surgiram nos últimos 90 milhões de anos.

“Nosso retrato do genoma do camundongo até então estava incompleto. Quando conseguimos juntar todas as peças que faltavam no quebra-cabeça percebemos que estávamos deixando de lado um grande número de genes encontrados apenas no camundongo, e não em humanos”, disse Leo Goodstadt, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, um dos autores do estudo.

Do outro lado, o estudo verificou que homem e camundongo têm em comum cerca de 80% de seus genes e a identificação de tais genes amplia diretamente a capacidade de empregar alvos específicos e mais adequados para o estudo de doenças humanas.

O sequenciamento permite distinguir exatamente como separar a biologia humana da biologia do camundongo. Ao preencher as lacunas deixadas por versões anteriores do genoma do roedor da família dos murídeos, os pesquisadores do consórcio conseguiram identificar muitos genes até então desconhecidos.

Na comparação com o mais recente esboço do sequenciamento que foi publicado, o genoma completo apresenta 1.1259 genes que são específicos do camundongo – não compartilhados com o homem.

Segundo o estudo, muitos dos genes agora descobertos estão evoluindo em velocidade absolutamente inusitada, provavelmente como resultado de uma espécie de combate evolucionário entre o camundongo e suas células reprodutivas.

“O grande esforço coletivo para completar o sequenciamento valeu a pena. A partir de agora, as novas descobertas que serão feitas permitirão deixar de lado equívocos que vínhamos cometendo e revelar muitos segredos da biologia do camundongo”, disse Deanna Church, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, outra autora da pesquisa.


Fontes:

Lineage-specific biology revealed by a finished genome assembly of the mouse

Agencia FAPESP

22 Maio, 2009

Novo Papel do Prion

Sabe-se que a proteína príon celular (PrPC), altamente expressa na superfície das células do sistema nervoso, tem papel importante no amadurecimento e na formação dos prolongamentos dos neurônios, além de protegê-los da morte celular programada – a apoptose. Ela também modula a resposta do sistema imunológico às inflamações e há evidências de que proteja as células neuronais contra a isquemia, ou falta de oxigênio.

Um novo estudo feito por pesquisadores brasileiros sugere que a expressão da PrPC também pode modular a agressividade de células tumorais. O trabalho, coordenado pela professora Vilma Regina Martins, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, foi publicado na edição on-line da revista International Journal of Cancer.

Resultado do Projeto Temático “Papel da proteína príon celular em processos fisiológicos e patológicos”, apoiado pela FAPESP e coordenado por Vilma, o estudo teve a participação de Angelita Muras e Glaucia Hajj, também do Instituto Ludwig, de Karina Ribeiro e Regina Nomizo, do Hospital A.C. Camargo, de Sueli Nonogaki, do Instituto Adolfo Lutz, e de Roger Chammas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O estudo indica que a falta da PrPC na célula leva à ativação de outras proteínas que, por sua vez, tornam o tumor mais agressivo. Em um neurônio normal, por exemplo, a proteína príon tem o papel de preservar a capacidade de a célula formar axônios e conexões. Mas em uma célula tumoral, as modificações ocasionadas pela ausência da PrPC levaram a uma maior agressividade do tumor.



Fontes:

Agência FAPESP

Prion protein ablation increases cellular aggregation and embolization contributing to mechanisms of metastasis