30 Janeiro, 2008

Criado Genoma Artificial

Foi criada uma cópia artificial do genoma completo da bactéria Mycoplasma genitalium.

Embora a síntese química de genes seja rotineira, até então os únicos genomas sintéticos completos obtidos eram de vírus. O M. genitalium é a bactéria com o menor genoma entre todos os organismos independentes usados em cultura, mas ainda assim conta com mais de 580 mil pares de base.

O estudo descreve um método que poderá permitir a outros pesquisadores gerar moléculas de DNA muito maiores do que era possível até então. Segundo a Science, o trabalho representa um importante passo rumo à criação de microrganismos sintéticos que poderão ser usados para a produção de biocombustíveis, na limpeza de lixo tóxico ou no seqüestro de carbono, entre muitas outras aplicações potenciais.

O grupo do Instituto J. Craig Venter, liderado por Daniel Gibson, sintetizou quimicamente, in vitro, grandes pedaços do genoma da bactéria com tamanhos diferentes, cada um representando um oitavo ou um quarto da seqüência completa.

As cópias foram armazenadas em cromossomos artificiais dentro da bactéria Escherichia coli. Em seguida os pesquisadores montaram as peças em cultura de levedura, empregando o próprio mecanismo celular do organismo para ajudar na tarefa.

O agrupamento foi isolado e seqüenciado, resultando em um clone da bactéria original. O resultado foi denominado Mycoplasma genitalium JCVI-1.0, ou seja, a primeira versão do mesmo feita pelo instituto (com suas iniciais em inglês).

“Um clone com a seqüência correta foi obtido. Os métodos descritos [no artigo] serão úteis para a construção de grandes moléculas de DNA a partir de peças sintetizadas quimicamente e também nas combinações de segmentos de DNA naturais e sintéticos”, descreveram os autores.


Fontes:

Complete Chemical Synthesis, Assembly, and Cloning of a Mycoplasma genitalium Genome. Daniel G. Gibson et al. Published Online January 24, 2008. Science.

Agencia FAPESP

23 Janeiro, 2008

Gene do desenvolvimento do cortex cerebral

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine identificaram um gene que é especificamente responsável por gerar o córtex cerebral, uma descoberta que pode levar a terapias com células-tronco para o tratamento de lesões cerebrais e doenças como derrames e mal de Alzheimer. O estudo foi publicado na edição desta sexta-feira (18/1) da revista Science.

A equipe liderada por Edwin Monuki, do departamento de Patologia da universidade, descobriu que o gene chamado Lhx2 instrui as células-tronco do cérebro em formação para gerar o córtex. O gene “criador de córtex” era procurado há muitos anos pelos cientistas.

O córtex é a parte do cérebro responsável pelas mais elevadas funções cognitivas e sensoriais como a linguagem, a tomada de decisões e a visão. Sem a ação do gene, não há formação de córtex cerebral.

“Essa nova informação sobre o papel do Lhx2 no desenvolvimento cortical pode potencialmente ser utilizada na pesquisa com células-tronco para fazer crescer novos neurônios do córtex que possam substituir os que forem danificados no cérebro”, disse Karla Hirokawa, doutoranda do Laboratório de Medicina e Biologia Celular e do Desenvolvimento, segunda autora do estudo.

“A descoberta tem implicações para os contínuos esforços voltados para a recuperação de pessoas que sofreram derrame e para retardar o progresso de doenças neurodegenerativas”, disse Karla.

O Lhx2 está no grupo dos genes – conhecidos como genes seletores – que agem durante momentos decisivos do desenvolvimento embrionário e fetal, dirigindo as células-tronco ao crescimento em partes específicas do corpo, como cérebro, sangue e ossos.

Em testes com roedores, os pesquisadores descobriram que a atividade do Lhx2 como seletor cortical é crítica apenas durante o estágio em que o córtex em desenvovimento está sendo construído por células-tronco – mas não antes ou depois dessa fase.

Além disso, eles descobriram que as células-tronco corticais que não expressam o gene Lhx2 se transformam em outro tipo de célula – conhecido como células de bainha – que induzem as células vizinhas a formar o hipocampo, que é a parte mais antiga do cérebro em termos de evolução, e o principal centro de memória.

O papel do Lhx2 no desenvovimento cortical tem amplas implicações no campo nascente da pesquisa com células-tronco. O laboratório de Monuki está atualmente estudando como ativar os genes Lhx2 em células-tronco neurais, inciciando o processo no qual as novas células corticais começam a crescer.

“Se formos bem-sucedidos, o conceito de utilização do Lhx2 para incutir células-tronco com propriedades corticais pode ser a base de estudos clínicos que possam um dia auxiliar no tratamento de pacientes”, disse Monuki.

Em dezembro, os pesquisadores do laboratório de Monuki publicaram um estudo que identificava um novo método para selecionar células-tronco que, segundo eles, é mais rápido, mais simples e mais barato que as técnicas atuais. O método poderia, no futuro, permitir terapias para pessoas com diferentes doenças que vão de lesões no cérebro e coluna vertebral até as doenças de Parkinson e Alzheimer.


Fontes:

Lhx2 Selector Activity Specifies Cortical Identity and Suppresses Hippocampal Organizer Fate. Vishakha S. Mangale et al. Science 18 January 2008: Vol. 319. no. 5861, pp. 304 - 309.

Agencia FAPESP

19 Janeiro, 2008

Genes desregulados no cancer

Utilizando técnicas de biologia computacional foram descobertos 480 genes que têm um papel importante na divisão celular humana. Os estudos mostraram que mais de 100 desses genes possuem padrões anormais de ativação em células cancerosas.

De acordo com o pesquisador Ziv Bar-Joseph, da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, as células malignas perdem o controle do processo de replicação, por isso, a detecção de diferenças na ativação genética do ciclo celular em células normais e malignas fornece importantes pistas sobre como o câncer se desenvolve. Os genes descobertos, segundo o cientista, são alvos potenciais para drogas terapêuticas.

Ao contrário de muitos estudos sobre o câncer, que procuram identificar a ausência de genes que podem causar a doença, a nova pesquisa mostra que os genes podem contribuir para o aparecimento da doença de maneiras menos óbvias.

“Vimos que há muitos genes que estão presentes e mesmo assim estão envolvidos com o câncer devido ao fato de não estarem ativos, ou expressos, da maneira habitual”, disse o co-autor da pesquisa Itamar Simon, um biólogo molecular da Escola Médica da Universidade Hebraica, em Israel.

Em vez de se “ligarem” e “desligarem” ciclicamente, como ocorre normalmente nos processos de replicação e desenvolvimento celular, esses genes estão expressos de forma fixa, ou simplesmente não estão expressos.

Apenas alguns dos genes apontados como desregulados em células cancerosas – como o PER2 e o HOXA9 – já haviam sido associados ao câncer. A maioria, cuja relação com a doença até agora não havia sido estabelecida, inclui pelo menos três genes responsáveis pela reparação de mutações genéticas que ocorrem durante a duplicação do DNA na célula.

A falha do ciclo em genes reparadores de DNA das células cancerosas levanta a possibilidade de que algumas mutações associadas com a doença podem não ser sua causa. “Algumas das mutações podem ser causadas pelos genes com problemas no ciclo e não o contrário”, disse Bar-Joseph.

Para determinar se as mutações genéticas são um efeito colateral de certos tipos de câncer, em vez de uma causa, mais pesquisas serão necessárias. O mesmo vale para a identificação de quais são os mais importantes entre os 118 genes que não “ligam” e “desligam”.

“Esses genes parecem ser importantes, mas não sabemos ainda quais deles têm um papel-chave ou podem se tornar alvos para drogas terapêuticas”, disse Simon. “Nós reduzimos o número de candidatos. Agora, em vez de procurar em milhares de genes, podemos nos concentrar numa centena.”

O artigo Genome-wide transcriptional analysis of the human cell cycle identifies genes differentially regulated in normal and cancer cells, de Ziv Bar-Joseph e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em, clique aqui


Fontes:

Genome-wide transcriptional analysis of the human cell cycle identifies genes differentially regulated in normal and cancer cells. Ziv Bar-Joseph et al. Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), Published online before print January 14, 2008.

Agencia FAPESP

14 Janeiro, 2008

Memorias do Instituto Oswaldo Cruz

Os cerca de 4 mil artigos científicos publicados pelas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz em seus 98 anos de história estão disponíveis on-line para consulta gratuita.

O acervo corresponde ao período que vai do lançamento do primeiro número da revista, em 1909, até a atualidade. Com a digitalização, qualquer pessoa poderá consultar, pela internet, estudos publicados há quase um século.

São artigos sobre uma enorme variedade de temas ligados às diversas áreas biomédicas. Também estão no acervo obras históricas, como desenhos de grandes ilustradores do passado entre os quais Raimundo Honório e Manoel Castro e Silva.

Memórias do Instituto Oswaldo Cruz foi o periódico científico com maior fator de impacto na América Latina em 2006 segundo o Institute for Scientific Information (ISI).

Segundo o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e editor da revista, Ricardo Lourenço, na época em que a revista foi criada existiam poucos indexadores – publicações que reunissem e sistematizassem as publicações científicas no mundo –, dificultando a divulgação e o acesso aos trabalhos.

“Há muitos artigos pioneiros, que trazem resultados importantes e que ainda vêm sendo apenas confirmados pelos estudos atuais”, afirma. “Até hoje, para ter acesso a todo o conhecimento publicado nas Memórias antes de 1994, era preciso haver uma cópia impressa da coleção numa biblioteca de consulta, normalmente institucional, o que tornava seu alcance muito limitado”, disse.

Além de enriquecer a pesquisa científica no Brasil, a disponibilização on-line do periódico tem o objetivo de, pelo fato de incluir grande parte da produção científica publicada no IOC, tornar ainda mais visível mundialmente a contribuição histórica do instituto para a pesquisa na área biomédica.



Fontes:

http://memorias.ioc.fiocruz.br

Agencia FAPESP

08 Janeiro, 2008

Alimentos contra o cancer

Uma alimentação rica em alguns tipos de folhas, vegetais e frutas pode prevenir o câncer de colo uterino. A conclusão é de um estudo feito pela nutricionista Luciana Yuki Tomita com 1.378 mulheres atendidas em dois hospitais públicos da capital paulista.

As voluntárias responderam a questionários sobre tipos de alimentos, tamanho das porções e freqüência de consumo no ano anterior ao do estudo. A pesquisa foi apresentada em tese de doutorado defendida no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

O câncer de colo uterino é causado por uma lesão conhecida como neoplasia intra-epitelial cervical (NIC), que por sua vez é causada pela infecção pelo papilomavírus humano (HPV) do tipo cancerígeno. Por meio do exame de papanicolau é possível identificar a lesão e tratá-la antes que evolua para câncer.

Luciana comparou a alimentação de mulheres com NIC e sem nenhuma lesão. A neoplasia tem três estágios de evolução, da lesão mais precoce e mais fácil de ser curada, a NIC1, até a NIC3, última etapa pré-câncer antes de a lesão se transformar na doença.

O estudo verificou que mulheres que consumiram mais folhas verde-escuras (como agrião, espinafre e couve), vegetais como pimentão e brócolis, além de frutas de cor laranja ou amarela (entre as quais mamão, manga, laranja e acerola), tiveram menor risco de desenvolver o NIC3.

De 230 mulheres com NIC3 analisadas, 118 apresentaram baixo consumo (em média 16 gramas por dia) de folhas, vegetais e frutas. Enquanto isso o grupo controle, formado por 453 participantes sem nenhuma lesão, consumiu, em média, 28 gramas por dia. O restante das entrevistadas tinha NIC1 ou NIC2 e também apresentou consumo abaixo da média.

“O estudo, que teve como base dados probabilísticos coletados nas entrevistas, destaca que as mulheres que ingeriram esses alimentos tiveram um risco aproximadamente 50% menor de ter NIC3 no colo uterino, quando comparado com as que não o fizeram”, disse Luciana à Agência FAPESP.


Causas prováveis

Em busca das causas da menor probabilidade de contrair a doença, a pesquisadora fez uma série de análises estatísticas das porções diárias consumidas pelas entrevistadas com dados de literatura sobre os antioxidantes presentes nos alimentos.

“Nossa hipótese é que os carotenóides, antioxidantes que contribuem para a diminuição da proporção de radicais livres no organismo, seriam potenciais responsáveis por esse efeito benéfico dos alimentos. Os radicais livres induzem a má formação de células, entre as quais imunológicas, diminuindo a imunidade da mulher e causando lesões”, disse.

O estudo também contou com amostras de sangue de 70% das entrevistadas, com e sem lesão, e observou nas mulheres sadias níveis maiores de licopeno, outro antioxidante encontrado em produtos como o tomate, a melancia e a goiaba.

“A concentração de licopeno no sangue das mulheres que não tinham nenhuma lesão foi de 1,10 micromol por litro. Já as com NIC3 tinham 0,74 micromol por litro do antioxidante. Isso sugere que o maior consumo de alimentos que tenham licopeno também pode evitar o desenvolvimento do câncer de colo uterino”, disse.

Luciana alerta que o câncer de colo uterino é a segunda maior causa de morte entre as mulheres pela doença em todo o mundo, perdendo apenas para o câncer de mama, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Estima-se que sejam identificados cerca de 470 mil novos casos de câncer de colo uterino por ano no mundo, sendo registrados mais de 200 mil óbitos anuais pela doença”, apontou.

O projeto de pesquisa de Luciana, que teve bolsa da FAPESP, foi premiado no 3º Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade de Saúde Pública da USP, realizado em dezembro de 2007 com o objetivo de divulgar pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado desenvolvidas por alunos da faculdade.

O trabalho, intitulado Consumo alimentar e concentrações séricas de micronutrientes: associação com lesões neoplásicas cervicais e orientado pela professora Marly Augusto Cardoso, do Departamento de Nutrição da FSP, ficou em primeiro lugar na categoria Doutorado.


Fontes:

Agencia FAPESP

06 Janeiro, 2008

Portal de Periodicos Gratuitos na UFG

A Universidade Federal de Goiás (UFG) lançou seu Portal Periódicos Eletrônicos, com 17 revistas que trazem resenhas e textos sobre resultados de pesquisas, além de cerca de 2 mil artigos científicos. O acesso é gratuito mediante cadastro para obtenção de login e senha.

Trata-se de um projeto da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da universidade, que, segundo a instituição, visa à democratização do acesso às pesquisas científicas e à qualificação dos periódicos da universidade.

O portal conta com 233 volumes publicados, cujos textos, além do português, também podem ser baixados na íntegra em inglês, francês e espanhol.

A maior parte dos artigos das publicações são assinados por pesquisadores da própria UFG e abrangem áreas como geografia, ciência animal, filosofia, biologia, enfermagem, farmácia e cultura.

Entre os destaques estão as revistas Ciência Animal Brasileira, da Escola de Veterinária da UFG, Pesquisa Agropecuária Tropical, da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Revista de Biologia Neotropical, do Instituto de Ciências Biológicas, Revista de Patologia Tropical, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Signótica, do Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística da Faculdade de Letras, e Sociedade e Cultura, da Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia.

O portal também está recebendo trabalhos de pesquisadores de outras instituições de ensino e pesquisa do país. Para isso, é necessário que o autor encaminhe uma cópia do texto de acordo com as normas do serviço.

Mais informações: www.revistas.ufg.br

Fontes:

Agencia FAPESP