Bancos de Fertilização Humana Regulamentados
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou, por meio de resolução publicada na semana passada, o funcionamento dos bancos de fertilização humana.
O objetivo é garantir a segurança no processo de reprodução.
Essa é a primeira resolução (RDC nº 33) a tratar do uso de células e tecidos germinativos em procedimentos voltados para a reprodução humana, segundo a gerente interina de tecidos, células e órgãos da Anvisa, Renata Miranda.
"A resolução veio para garantir a qualidade desse serviço, porque a população paga muito caro pelo serviço. E se você garante que aquele procedimento vai ter qualidade, a população vai se beneficiar, tanto protegendo como promovendo a saúde", afirmou.
De acordo com Renata Miranda, a resolução traz detalhamentos de procedimentos que vão desde a coleta, transporte, processamento, armazenamento das células e tecidos até a gestação.
A gerente explicou que qualquer pessoa pode ser um doador voluntário, desde que não tenha histórico de doenças genético-familiares e de doenças transmissíveis. "Tem uma idade máxima de doação: homem abaixo de 45 anos e mulheres abaixo de 35 anos. A pessoa vai aos bancos em um ato desinteressado e passa por uma triagem clinica e sorológica, por meio da qual são feitos testes para HIV, hepatite e siflis, por exemplo, além de uma triagem microbiológica para a identificação de bactérias. Se essa célula tiver qualidade, vai para o processo de doação", informou Renata Miranda, ao garantir a manutenção do sigilo sobre o doador dos tecidos.
A resolução já está valendo, mas os bancos de fertilização terão um ano para se adaptar às novas normas. Durante esse prazo, a Anvisa vai avaliar por meio de relatórios os serviços prestados pelos bancos de células e tecidos germinativos. "Além da segurança e qualidade desse serviço, nós poderemos ter uma noção do número de bancos que atuam no país. Nós ainda não temos uma estimativa efetiva e isso vai nos ajudar a conhecer a distribuição desses centros pelo país", disse.
Segunda Renata Miranda, no Brasil o tratamento de fertilização humana ainda não é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e precisa ser pago ou financiado pelas secretarias estaduais. "O SUS ainda não remunera os procedimentos de reprodução humana assistida. Em alguns estados existem os bancos públicos, financiados pelas secretarias estaduais, ou os vinculados a universidades. Existem alguns no país, mas são em número bem reduzido os serviços públicos voltados para a reprodução humana", acrescentou.
Curso: Biologia Estrutural - planejamento de novos farmacos
O curso “Biologia estrutural e química medicinal no planejamento de novos fármacos” será realizado de 22 de maio a 2 de junho, no Centro de Biotecnologia Molecular Estrutural (CBME) do Instituto de Física de São Carlos, no interior de São Paulo. O CBME é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP.
A programação conta com a divulgação das principais estratégias e métodos avançados envolvidos no planejamento de fármacos. O curso, promovido pelo Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia (CBAB), com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), será ministrado por especialistas brasileiros e argentinos.
Participantes, que podem ser brasileiros ou sul-americanos, devem ser mestrandos ou doutorandos em biologia estrutural, química medicinal, cristalografia de proteínas, física, química, biologia, bioquímica, bioinformática, farmácia ou área afins.
As inscrições estão abertas até 7 de abril. Os estudantes selecionados para participar do evento terão todas as despesas pagas pela organização.
Mais informações:
www.cbab.ifsc.usp.br.
Vírus pode ser causa de cancer de prostata
Um vírus recém identificado, temporariamente chamado de XMRV, parece estar associado com o desenvolvimento de câncer de próstata em homens com tendência à doença, segundo pesquisadores.
O XMRV está relacionado ao vírus que causa leucemia em ratos e é "um novo agente infeccioso em humanos", disse p Dr. Eric Klein da Cleveland Clinic. "Enquanto mais pesquisas são necessárias para confirmar os nossos resultados, este pode ser a primeira prova que o vírus está ligado ao câncer de próstata", completou.
Danos a uma proteína antiviral, chamada RNaseL, pode aumentar a susceptibilidade ao câncer de próstata. Tais disfunções pode ocorrer quando o gene HPC1, que produz a proteína, mutacional e para de funcionar normalmente. Homens com estas alterações genéticas têm mais tendência ao câncer de próstata.
O grupo de Klein utilizou um ViroChip de DNA contendo seqüências genéticas de aproximadamente 5 mil vírus encontrados em amostras de tumor de 86 homens que tiveram sua próstata removida. A incidência da infecção viral de homens com o HPC1 em mutação foi de 45%.
O XMRV pode ser transmitido sexualmente. É possível que esta infecção leve a uma inflamação crônica da próstata, que pode se tornar um câncer.
Se o XMRV realmente causa o câncer de próstata, pode ser usado de forma terapeutica, em forma de drogas ou vacinas.
Fonte: Reuters
Controle do diabetes com células-tronco
Usar o termo cura é exagerado e prematuro, mas um tratamento experimental, que ministra altas doses de quimioterapia seguidas de um transplante de células-tronco adultas originárias da medula óssea do próprio paciente, obteve resultados animadores no controle do diabetes melito do tipo 1, também chamado de juvenil ou insulino-dependente, doença imunológica que atinge cerca de 1 milhão de brasileiros.
Dos 11 pacientes, todos adultos, submetidos aos dois procedimentos no Centro de Terapia Celular (CTC), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo, dez mostraram progressos significativos: oito se livraram da necessidade diária de tomar insulina – um deles permanece nessa saudável condição desde março de 2004, há quase dois anos – e dois passaram a receber apenas metade da dose desse hormônio antes necessária ao controle da doença.
“Não podemos falar em cura”, pondera o imunologista Júlio Cesar Voltarelli, que encabeça essa linha de pesquisa. “Não sabemos se os efeitos benéficos são duradouros, se vão persistir por três, quatro ou cinco anos.” Apenas um doente não apresentou melhora, justamente o primeiro que foi submetido ao esquema terapêutico alternativo, ainda em novembro de 2003.
Os pesquisadores acreditam que esse caso não se comportou da mesma forma que os demais porque foram usados corticóides para prevenir as reações alérgicas aos medicamentos utilizados no transplante e, sabe-se hoje, esse tipo de droga não dá bons resultados em diabéticos. Os demais pacientes receberam outras classes de medicamentos, aparentemente mais eficazes nesses casos.
Mesmo que os benefícios da nova abordagem terapêutica persistam a longo prazo, dificilmente o tratamento se consagrará como a cura da doença. O procedimento é agressivo, demorado (prolonga-se por uns três meses) e muito caro. A quimioterapia mais o transplante de células-tronco adultas são demorados e têm custo estimado de pelo menos R$ 30 mil e, segundo Voltarelli, não poderiam ser adotados como terapia padrão para cuidar de todos os doentes com esse tipo de diabetes.
“De qualquer forma, as pesquisas apontam um caminho que podemos perseguir para combater o mecanismo que causa o diabetes do tipo 1”, afirma Marco Antonio Zago, coordenador do CTC de Ribeirão Preto, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela FAPESP.
Texto completo na edição 120 de Pesquisa FAPESP:
http://www.fapesp.br/materia.php?data[id_materia]=2260