30 Julho, 2008

Seminario na USP sobre fatores epigeneticos no desenvolvimento de doencas

Hoje há fortes evidências que fatores nutricionais precoces na vida alteram a expressão de uma série de genes, sendo a epigenética uma fronteira a ser explorada.

O Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o Instituto da Criança HC-FMUSP trazem ao Brasil o I Seminário Internacional sobre o tema Origens Desenvolvimentista da Saúde e da Doença.

A hipótese da origem das doenças crônicas do adulto relacionada às exposições precoces durante o crescimento tem sua gênese nos estudos epidemiológicos de Barker, no final dos anos oitenta, que demonstraram uma forte associação das doenças cárdio-vasculares do adulto com as suas condições sociais na época do nascimento. Essa hipótese foi comprovada por outros estudos epidemiológicos e em modelos experimentais. Em seguida, surgiram evidências científicas da associação de condições peri-natais com alterações no metabolismo da glicose e dos lípides. Mais recentemente muitos trabalhos encontraram

relação da osteoporose, de neoplasias e de doenças mentais do adulto com exposições a fatores de risco em fases cruciais do desenvolvimento.

Esta nova hipótese propõe novos modelos de causalidade e mecanismos associados ao desenvolvimento das doenças e, por esse motivo, tem grandes perspectivas de influenciar a prática nas atenções primária, secundária e terciária à saúde.

Recentemente foi fundada a International Society for Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD), que agrega pesquisadores das ciências básicas, clínicas e sociais, provenientes de vários países, na busca de intercâmbio das diferentes áreas do conhecimento e de diferentes experiências para a orientação desse novo campo de pesquisa.

A população brasileira encontra-se num momento de transição do ponto de vista demográfico, social, epidemiológico e nutricional. Por ser uma fase de transição co-existem hoje problemas antigos não resolvidos e problemas das sociedades mais ricas. Esses fatores co-existem com a maior sobre-vida de recém-nascidos prematuros, o maior acesso a alimentos e bens de consumo em geral, a “epidemia” de doenças crônico-degenerativas e o aumento dos transtornos psíquicos. É essencial, neste momento, conhecer o impacto que situações como estas têm sobre o ciclo vital.

Além disso, houve o surgimento de novos fatores de risco, como por exemplo a poluição ambiental ou o estresse psico-social das grandes cidades. Esses fatores apresentam-se em nosso meio com uma intensidade inexistente em países mais desenvolvidos. O efeito em longo prazo deles nos é desconhecido.

O trabalho conjunto com a DOHaD permitirá a pesquisadores brasileiros a participação em uma rede internacional de estudos sobre o desenvolvimento humano precoce e sua relação com as doenças crônicas do adulto, assim como em estudos sobre a aplicação desses conhecimentos em saúde pública e nas estratégias de prevenção das doenças crônico-degenerativas

Público –Alvo:
gestores de saúde.
escolas médicas.
profissionais de saúde.
professores e pesquisadores da área de saúde.

Mais informações:

Seminario Desenvolvimentista da Saúde e da Doença